Aracaju, a terra do vovô Miraldo, é uma grata surpresa. Jamais esperava que fosse gostar tanto da capital do Sergipe. Além de alegre, a cidade é muito bem estruturada.
Estou hospedado no hotel Del Mar, localizado na Praia de Atalaia. Ao dirigir pela orla, nota a presença de vários quiosques e restaurantes. Há ainda calçadão para as pessoas caminharem, além de bancos para os casais se aconchegarem, fontes luminosas, quadras de tênis, pistas com tubo em U para skatistas radicais, e até circuito de cart.
Infelizmente, ao fazer o check in, noto ao lado da recepção haver uma mesinha com um agente da CVC. Coincidentemente ou não, percebo haver contenções de despesas na estrutura do hotel. No quarto, vejo que as lâmpadas são fluorescentes (pela primeira vez durante a viagem, sou obrigado a ir a um supermercado para comprar lâmpadas de tungstênio. Quem me conhece sabe que não suporto ambiente com luz branca de hospital, o que me obriga a sempre trocá-las por lâmpadas comuns, de preferência, as spot). Percebo pregado na parede do elevador um cardápio com a lista do que os turistas da CVC irão saborear logo mais. É uma pena que os hotéis não percebam que ao induzirem o hóspede a pagar diária completa acabam prejudicando o turismo local, uma vez que os restaurantes deixam de faturar.
À noite, saio para jantar no restaurante La Tavola. Vejo a classe média alta de Aracaju, com clientes perfumados em roupas de grife. Sou a única mesa de uma pessoa no estabelecimento. Depois de saborear o couvert e a entrada (um delicioso caranguejo desfiado temperado com coentro e limão), olho meu relógio e percebo que já fazem mais de 40 minutos que pedi meu prato principal. Olho as mesas ao redor (uma de 6, outra de oito pessoas) e vejo clientes que fizeram o pedido depois de mim já jantando. Chamo o garçom e peço para ele ir checar meu pedido na cozinha. Outros 15 minutos de passam. Observo mais mesas sendo servidas. Imediatamente, chamo o garçom e peço: “Um cafezinho e a conta, por favor”. A atitude pode parecer radical para você meu caro leitor. Mas eu explico: já trabalhei em cozinhas por quase cinco anos. Sei que de vez em quando o chef passa os pedidos de clientes mais “importantes” na frente de marujos de primeira viagem. Como eu, um mineirim que fala uai, estava só, era o que menos importava ali. Por isso fui embora pisando duro.
Na manhã de sexta-feira, dia 07/03/2008, fui conhecer o mercado central de Aracaju. Ali vi várias barracas de macaxeira (tradução: mandioca) e de coco, símbolos locais. Encontrei também doces de caju, como o caju em calda e o caju desidratado (lembra uma ameixa em calda). Provei o bolo de macaxeira (o qual é idêntico ao bolo chamado manuê que o vovô fazia) e moqueca em folha (uma mistura de peixes assado dentro de uma folha de bananeira). Vi ainda caranguejos, ostras, lambretas (uma espécie de vôngole gigante), peixes, carnes de sol, e farinhas de tudo que é tipo.
À noite, saio para jantar no restaurante La Tavola. Vejo a classe média alta de Aracaju, com clientes perfumados em roupas de grife. Sou a única mesa de uma pessoa no estabelecimento. Depois de saborear o couvert e a entrada (um delicioso caranguejo desfiado temperado com coentro e limão), olho meu relógio e percebo que já fazem mais de 40 minutos que pedi meu prato principal. Olho as mesas ao redor (uma de 6, outra de oito pessoas) e vejo clientes que fizeram o pedido depois de mim já jantando. Chamo o garçom e peço para ele ir checar meu pedido na cozinha. Outros 15 minutos de passam. Observo mais mesas sendo servidas. Imediatamente, chamo o garçom e peço: “Um cafezinho e a conta, por favor”. A atitude pode parecer radical para você meu caro leitor. Mas eu explico: já trabalhei em cozinhas por quase cinco anos. Sei que de vez em quando o chef passa os pedidos de clientes mais “importantes” na frente de marujos de primeira viagem. Como eu, um mineirim que fala uai, estava só, era o que menos importava ali. Por isso fui embora pisando duro.
Na manhã de sexta-feira, dia 07/03/2008, fui conhecer o mercado central de Aracaju. Ali vi várias barracas de macaxeira (tradução: mandioca) e de coco, símbolos locais. Encontrei também doces de caju, como o caju em calda e o caju desidratado (lembra uma ameixa em calda). Provei o bolo de macaxeira (o qual é idêntico ao bolo chamado manuê que o vovô fazia) e moqueca em folha (uma mistura de peixes assado dentro de uma folha de bananeira). Vi ainda caranguejos, ostras, lambretas (uma espécie de vôngole gigante), peixes, carnes de sol, e farinhas de tudo que é tipo.
Ao sair do mercado, fui almoçar no restaurante Carne de Sol do Ramiro. Pedi o carro-chefe da casa: a carne de sol completa. Bastante saborosa, ela chegou a mesa acompanhada de pirão de leite (uma deliciosa iguaria local que é feita com queijo coalho derretido no leite e engrossado com farinha de mandioca), arroz, vinagrete, farofinha, feijão tropeiro nordestino (feito com feijão de corda), paçoca, macaxeira cozida, e manteiga de garrafa.
Após o almoço, simples, mas divino, fui à cidade histórica São Cristóvão, distante uns 25 km de Aracaju. O município é a quarta cidade mais antiga do país e foi a capital do Sergipe até 1855, quando a sede do governo foi transferida para Aracaju. A cidade tem igrejas seculares e praças tranqüilas. Dentre as iguarias, encontrei o bricelete, um biscoito bem fininho feito numa máquina suíça. A iguaria lembra um wafer. É quadrado, em um delicado desenho em alto relevo, bem fininho e com sutil gosto de limão. Também conheci a Casa da Queijada, uma loja que vende doces e biscoitos.
Imagens da histórica São Cristóvão
Sábado pela manhã fui de carro averiguar o litoral sul do estado. Encontrei um restaurante muito bem estruturado em frente à Praia do Refúgio: o Parati. O local estava lotado. É o point do fim de semana da classe média alta de Aracaju. Comi pasteizinhos de caranguejo, queijo coalho, e tomei uma nevada (polpa de coco verde batida no liquidificador com vodca, água de coco e gelo). Infelizmente não quis arriscar deixar minha câmera sozinha na mesa e adiei minha entrada no mar sergipano para o dia seguinte.
O almoço de sábado foi no restaurante O Miguel. Aos sábados, o Miguel serve a feijoada sergipana, feita com feijão carioquinha e guarnecida com legumes cozidos. Apesar de ter fotografado a feijoada, preferi pedir a especialidade local: a carne de sol com pirão de leite. Fiquei decepcionado. Por ser o único estabelecimento estrelado de Aracaju estrelado no Guia 4 Rodas, esperava que a comida fosse mais saborosa. Na minha opinião, a carne de sol do Ramiro que degustei no dia anterior estava bem mais gostosa.
Restaurante O Miguel: carne de sol com pirão de leite e feijoada sergipana
Ao cair da tarde, fui ao mais conhecido ponto turístico da cidade: a Passarela do Caranguejo. Localizado na Praia de Atalaia, é ali que os moradores locais e os turistas de juntam para comerem caranguejos de tudo que é jeito: em moquecas, dentro de pastéis ou empadas, e da forma mais tradicional: cozido para ser quebrado com um martelinho sobre um quadrado de mármore. Percebi que ali também há um número sem fim de vendedores de amendoim e de castanha de caju. Estes circulam pelas mesas oferecendo-os para os turistas.
Noto que Aracaju tem uma ótima iluminação pública. Há postes por tudo que é canto, com distância pequena entre um e outro. Incrivelmente, é possível sentar num dos muitos bancos espalhados pela cidade e ler um livro no meio da noite. Esta observação me deixa ainda mais desiludido com Belo Horizonte. A capital mineira deve ser uma das mais escuras do Brasil (será que não existe uma pesquisa que meça o grau de luminosidade das vias publicas?). Um exemplo: a Praça da Liberdade, um dos principais pontos turísticos de Beagá, é um breu. Quem vem de fora deve ter medo de andar por ali à noite. E o pior de tudo é que a energia elétrica de beagá é a mais cara do país. Por isso, quero aqui abrir um minuto para que você leitor e eu junto façamos um “booooo” (tradução: som de vaia) para a Cemig.
Entretanto, ao contrário da ótima iluminação pública de Aracaju, a privada é uma tristeza. A grande maioria dos hotéis e restaurantes tem lâmpadas fluorescentes. Em tudo que é canto, o ambiente é gelado, sem aconchego, e lembra hospitais.
Na manhã de domingo, leio uma triste nota no jornal local, o Correio de Sergipe: as cinco salas de cinema que funcionam no shopping Riomar irão fechar em uma semana. Infelizmente, esta é a realidade de nosso país. Em compensação, por tudo que é canto pipocam camelôs vendendo DVDs piratas de filmes que recém estrearam.
Pela primeira vez nestes dez dias de viagem entro no mar. Depois, vou almoçar no restaurante Carro de Bois. A comida estava boa, mas mais uma vez me senti renegado a segundo plano por estar sozinho e ser de fora.
No cair do dia, fotografo a linda ponte Construtor João Alves recém inaugurada que liga a cidade a Ilha de Santa Luzia. Faço também algumas fotos coringas da cidade para serem usadas em capítulos de introdução do livro.
Entretanto, ao contrário da ótima iluminação pública de Aracaju, a privada é uma tristeza. A grande maioria dos hotéis e restaurantes tem lâmpadas fluorescentes. Em tudo que é canto, o ambiente é gelado, sem aconchego, e lembra hospitais.
Na manhã de domingo, leio uma triste nota no jornal local, o Correio de Sergipe: as cinco salas de cinema que funcionam no shopping Riomar irão fechar em uma semana. Infelizmente, esta é a realidade de nosso país. Em compensação, por tudo que é canto pipocam camelôs vendendo DVDs piratas de filmes que recém estrearam.
Pela primeira vez nestes dez dias de viagem entro no mar. Depois, vou almoçar no restaurante Carro de Bois. A comida estava boa, mas mais uma vez me senti renegado a segundo plano por estar sozinho e ser de fora.
No cair do dia, fotografo a linda ponte Construtor João Alves recém inaugurada que liga a cidade a Ilha de Santa Luzia. Faço também algumas fotos coringas da cidade para serem usadas em capítulos de introdução do livro.
Outra peculiaridade de Aracaju é haver TVs por tudo que é canto, sejam restaurantes, cabanas, quiosques, postos de gasolina. Diante delas, homem, mulher, idoso, criança: todos acompanham atentamente o que acontece nas novelas de televisão.
À noite, trato minhas fotos do lépitópi e arrumo minha bagagem. Afinal, amanhã, segunda-feira, sigo viagem para Alagoas.
À noite, trato minhas fotos do lépitópi e arrumo minha bagagem. Afinal, amanhã, segunda-feira, sigo viagem para Alagoas.
3 comentários:
Muito legal esse post de Aracaju.
Moro aqui há um ano e tudo o que vc falou é realmente verdade. Não é à toa que Aracaju é considerada a capital brasileria da qualidade de vida.
Forte abraço
Moro em Aracaju desde que nasci. Frequento o La Tavola desde que inaugurou, todas as sextas feiras, as vezes no sabado, com minha turma. Lamentamos o atendimento referido. Mas acho que foi um acaso. Os garçons de la são muito antigos e atenciosos.
Ola !! muito boa a postagem!! irei para aracaju agora em julho..e ficarei no del mar. poderia me dar algumas infomaçoes do hotel ...estou um pouco apreensiva. obrigada
larissagaleazzi@hotmail.com
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