5.3.08

Viagens Pelo Brasil - Praia do Forte

Consegui a incrível proeza de ir embora de Salvador sem que uma fitinha do Senhor do Bonfim fosse amarrada em meu pulso. Ufa!

Apanhei a Linha Verde em direção à Praia do Forte por volta do meio-dia de terça-feira, dia 04/03/2008. Sinceramente, imaginei que a estrada fosse muito mais bonita. Pensei ser uma rodovia que corresse paralela ao mar azulado com fileiras de coqueiros incrustados em areia alva. Nada disso: apenas uma estrada de bem asfaltada e sinalizada.

Almocei no restaurante Sombra da Mangueira, localizado na vila de Diogo, nos arredores de Imbassaí. Pode-se dizer que é a Figueira do Rubayat da região uma vez que as mesas ficam debaixo de uma imensa mangueira de copa larga. Para evitar que as mangas-rosas caiam nos cucurutos dos fregueses, há uma rede que se estende de ponta a ponta. A comida é boa. Pedi um porção de pititinga (lembra o lambari) frita e depois uma moqueca de camarão, o carro-chefe da casa. Num canto do restaurante, um jovem vendia mel filtrado de abelhas silvestres de um apiário localizado há poucos metros dali.

Restaurante Sombra da Mangueira

Cheguei à Praia do Forte por volta das 15h. É uma espécie de um condomínio, só que sem cancelas, ou seja, aberto a todos. Há uma passarela por onde não passam carros, a Avenida ACM (é incrível a paixão dos baianos pelo Antonio Carlos Magalhães. Tal admiração se compara às dos taxistas paulistanos pelo Maluf). É ali onde se concentram as lojas, as pousadas e os restaurantes. Devido à quantidade de tralhas e bugigangas que carrego comigo, tive que pedir ao maleiro que me ajudasse com a bagagem.


Há muitos gringos (quando digo gringos me refiro a estrangeiros, e não somente a americanos) na Praia do Forte. Escutei até idiomas que não identifiquei. Pela tez e cor dos olhos do casal que falava igual a uma maritaca, imaginei serem suecos, noruegueses ou de algum país escandinavo.

Fui conhecer o Projeto Tamar (aquele que cuida das tartarugas marinhas estampadas nas notas de dois reais). Havia tanques com tartarugas e um monte de gente tirando fotos. Lembrei da minha tartaruga favorita: a do filme Procurando Nemo que chamava todo mundo de “dude”. No fim da tarde, acompanhei uma das funcionárias (dessas bem meigas e melosas que chamam os bichinhos de “cute cute”) colocar filhotinhos sobre a areia para que estes caminhassem até o mar. Uns iam mais rápidos e outros eram como o Rubinho Barrichelo. Depois que a maioria já havia alcançado a água, a funcionária apanhou as tartaruguinhas mais lerdas para colocá-las próxima do mar. Nesse instante, alguém fez uma pergunta e ela, com três filhotinhos nas mãos, caminhou para perto da pessoa para melhor ouvi-la. Acontece que a bocó esqueceu de olhar para o chão e acabou pisoteando uma tartaruguinha. Todos gritaram: “Opa! Ei! Cuidado!”. Mas já era tarde demais. O bichinho já havia virado hambúrguer.

Projeto Tamar
Apanhei minha câmera para fazer umas fotos na hora em que o sol está baixo no horizonte. Porém, assim como aconteceu em Salvador, não tenho encontrado belos pôres-do-sol (é este o plural de pôr-do-sol?). Estes não são dourados e quentes como os de Belo Horizonte. É como se houvesse uma fina camada de nuvens sempre cobrindo o horizonte. O céu não fica coberto com tons avermelhados e não há sombras longas. Ou seja, até agora ainda não consegui tirar uma dessas fotos bem clichês: com o sol mergulhando no mar, o céu repleto de nuvens rosadas e a água tingida de dourado.

Também conheci as ruínas do castelo de Garcia D’Ávila, construído em 1551. O local me lembrou o sítio das Missões Jesuítas em São Miguel das Missões, no RS. Apesar de ruínas serem nada mais que ruínas, sou fascinado por constatar que a turma de antigamente trabalhava um bocado. Deve ter sido dureza empilhar pedras tão grandes uma sobre a outra. Fiquei também embasbacado com uma imensa figueira centenária nas proximidades do castelo.

Castelo Garcia D'Ávila

THUMP ... THUMP ... THUMP ... É este o som que se escuta ao caminhar pela passarela ACM. A fonte do barulho é a batida das pedras de dominós batendo sobre uma tábua de madeira. Os moradores locais são viciados pelo jogo e se encontram todo fim de tarde para jogar partidas de dominó. O engraçado é que não basta por a peça sobre o tablado. Tem é que dar uma cacetada, como se quisesse partir a mesa ao meio. Adorei.

Jogadores de dominó

Uma vez que carros não são permitidos na passarela, há bicicletas adaptadas para carregar os turistas mais preguiçosos (geralmente gringos gordos). O veiculo lembra aqueles vistos em filmes do James Bond que se passam na Tailândia ou em algum país do sudeste asiático.
Avenida ACM
Os cardápios dos restaurantes da Praia do Forte são bastante tradicionais. Nada se destaca em termos de criatividade. Encontro moquecas, ensopados, massas com molho de tomate e frutos-do-mar, além de pratos com filé e frango. Felizmente encontrei um ótimo bolinho de peixe (que tem o formato de um kibe) no Bar do Souza. Hoje no almoço, degustei um vermelho (peixe comum na região) grelhado inteiro com farofinha e vinagrete de coentro. Estava saboroso. De sobremesa, o melhor a ser feito é saborear sorvetes de frutas em uma das muitas sorveterias existentes.
Bolinho de peixe do Bar do Souza e vermelho grelhado

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