13.9.10

Coluna Gastrô - Jornal O Tempo - 20.08.2010

Temporada de prêmios – parte 1


Nas últimas semanas foram anunciados os melhores estabelecimentos gastronômicos de Belo Horizonte em votações realizadas pelas revistas Encontro e Veja. Confesso que sempre gostei de listas que nomeiam os melhores nisto ou naquilo, como filmes americanos, canções da década de 80, ou jogadores de futebol que vestiram a camisa 10. Mas uma votação que premia o “melhor” é determinada pela maioria das opiniões (subjetivas, é claro) dos votantes. E isto pode coincidir, ou não, com a sua opinião. Afinal o que é o “melhor” para muitos pode não ser para mim. Ou para você. Assim, premiações estarão sempre sujeitas a debates e controvérsias. E o “melhor” hoje pode deixar de sê-lo amanhã.


Prefiro ler (e guardar) as revistas que premiam os estabelecimentos da cidade como um guia de consulta para a boa mesa. Por isso reitero que os comentários abaixo são estritamente pessoais e subjetivos. Nesta semana, escrevo sobre os “melhores” da revista Encontro. Semana que vem, abordarei os “eleitos” da Veja.



Os critérios adotados


Em seu oitavo ano consecutivo, a Encontro elegeu “O Melhor da Cidade – 2010”, segundo editorial, “pelo crivo de 45 jurados, além dos leitores da revista, através da internet. Os vencedores, em cada uma das categorias, foram aqueles que conquistaram mais votos (transformados em pontos) dos jurados e também dos internautas”.


Na escolha dos jurados que participaram da votação, a revista não priorizou profissionais especializados, mas sim o cidadão comum formador de opinião que aprecia a culinária. No total, foram selecionados 45 jurados. Cada um deles recebeu uma lista sugestiva com os nomes das casas classificadas, distribuídas por categorias. Segundo a revista, “apesar das sugestões, a lista serviu apenas como orientação. Ou seja, os jurados tiveram liberdade para votar em qualquer estabelecimento de sua preferência”. Cada local escolhido recebeu 1 ponto. Além dos jurados, os leitores também ajudaram na votação. “Os internautas encontraram na internet a mesma lista sugestiva. (...) Também suas escolhas eram livres. A casa mais votada na internet recebeu 3 pontos; o segundo lugar, 2 pontos; e o terceiro, 1 ponto. (...) Venceu a casa que somou maior número de pontos. (...) No caso em que a soma dos votos do júri e da internet resultou em empate, sagrou-se vencedor aquele que recebeu o maior número de votos dos internautas”.



Premiados e não-premiados


A votação da revista Encontro foi dividida em cinco quadros (Lanches e Guloseimas; Diversão; Alta Gastronomia; Boa Mesa; Sabores Regionais). Em cada um deles, nove jurados votaram em diversas categorias. Não entendi o porquê das categorias “Cozinha Francesa” e “Cozinha Italiana” pertencerem ao quadro “Alta Gastronomia” enquanto as de “Cozinha Portuguesa” e “Restaurante Japonês” ficaram em “Sabores Regionais”. Ou que “Bistrô” pertence a “Alta Gastronomia” e “Cantina/Trattoria” a “Sabores Regionais”. Também não compreendi a existência da categoria “Cozinha do Mundo”. Será que esta é o conjunto de tudo aquilo que não seja a culinária japonesa, italiana, portuguesa ou francesa? E porque “Cozinha do Mundo pertence a “Sabores Regionais” e não a “Alta Gastronomia”? Aliás, confesso não entender porque a insistência de muitos em classificar a gastronomia como “alta” ou “baixa”. Eu pessoalmente prefiro categorizá-lo como boa ou ruim. Para mim, uma empadinha bem feita vendida em um boteco deve ser tão louvada quanto uma terrine de foie gras.


No quadro “Lanches e Guloseimas”, senti as seguintes ausências por parte dos jurados: Café Kahlúa (categoria “Cafeteria”), Degryse ( categoria “Chocolates”), Cumpanio e Pão e Cia (categoria “Padaria”), e I Scream (categoria “Sorveteria”. Em relação a categoria “Guloseimas”, são tantas as guloseimas maravilhosas em nossa cidade que fica difícil agrupá-las em uma única categoria. Preferia que fosse eleito, sei lá, a melhor empada de frango, o melhor pastel de carne moída, o melhor quindim, etc. Na categoria “Sanduíches”, também são tantos bons sanduíches na capital... E cada um completamente diferente do outro. Há hamburguer, cachorro-quente, pão com lingüiça, sanduíche no pão de forma, na ciabatta, etc.


No quadro “Diversão”, senti as ausências do Redentor e Armazém Medeiros na categoria “Bar/Happy Hour”. E não entendi como se dá a divisão entre “Chef” e “Chef Revelação”. Afinal, o chef revelação é aquele que surgiu em um ano pra cá? Ou dois? Ou três? Ou é alguém de no máximo, sei lá, 35 anos de idade? Ou 40? Pode um o “melhor chef revelação” ser também escolhido como “melhor chef”? Ou não?


No quadro “Alta Gastronomia”, gostei de ver as indicações da Cantina Piacenza e do Dom Pasquale na categoria “Cozinha Italiana”. Senti a falta de indicações para os restaurantes Benvindo, Hermengarda, e La Milonga. Não entendi o porquê do Favorita pertencer a categoria “Cozinha Contemporânea”. Já no quadro “Boa Mesa”, senti a falta do Amadeus e do Vila Giannina na categoria “Bufê de Self-Service”, da Vesúvio na categoria “Pizzaria”, e do Maria das Tranças em “Restaurante Tradicional” (que, pressuponho, sejam aqueles com mais de 40 anos de vida? Ou não?). E não entendi o porquê da citação de Luciano Boseggia como “Melhor Chef” pelo Chez Bastião, uma vez seu trabalho na casa foi o de consultoria.


No quadro “Sabores Regionais”, gostei da Taberna Baltazar ter sido lembrada na categoria “Cozinha Portuguesa”. E dos recém abertos Kei e Udon terem sido citados na categoria “Restaurante Japonês”. Finalmente, na categoria “Melhores Profissionais”, achei bastante sábio dar ao chef Ivo Faria, do Vecchio Sogno, um prêmio hors concours e, assim, abrir espaço para outros chefs.


(Para melhor visualizar os quadros abaixo, favor clicar sobre estes).






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