13.1.13

Glouton - primeira impressão

O restaurante Glouton acabou de abrir as portas em Lourdes. Está funcionando no mesmo sobrado onde antes funcionava o Café Santa Sophia e somente de segunda a sexta-feira. 

Fui conhecê-lo na sexta e adianto que gostei bastante de sua proposta. Resumindo, oferece um cardápio bastante enxuto com preços de pratos principais abaixo de R$ 50. 

Após passar por uma reforma, a casa ganhou leveza e luminosidade. Achei que a troca dos tons escuros da madeira (que caracterizavam a cafeteria) por paredes brancas deixou o ambiente "jovial" sem perder aconchego. Também gostei da cozinha integrada ao salão. Através de uma vidraça, os clientes podem observar a rotina de uma equipe da cozinha preparando e montando os pratos.


 Foto: Magda Dias



 Foto: Magda Dias


O chef do Glouton é o jovem Léo Paixão, que trabalhou com Rodrigo Fonseca no Taste Vin e é um dos 12 chefs que irão representar Minas Gerais no Madrid Fusion 2013. 

Creio que o cardápio do restaurante irá mudar com frequência devido ao seu (curto) tamanho. Este é baseado na sazonalidade dos ingredientes e, consequentemente, oferece preços que (ao contrário de muitas casas recém inauguradas em BH) não assustam. 

No dia em que estive no Glouton, havia quatro opções de amuse guele (tira-gosto), quatro de entrées (entradas), quatro de plats (pratos principais) e duas de desserts (sobremesas). Como estava num grupo de quatro pessoas, consegui provar muita coisa (quem sai comigo para jantar já sabe que gosto que cada um peça uma opção diferente e que costumo dar garfadas nos pratos alheios).

Os preços da carta de vinhos são honestíssimos. Há ofertas para todos os gostos e bolsos. Em dias em que vem se tornando cada vez mais raro encontrar cardápios com opção de vinho em taça, adorei ver que a casa oferecia jarra de 250 ml a preço abaixo de R$ 20! 

Enalteço ainda que a água não é cobrada pelo estabelecimento (bem que os restaurantes que insistem em treinar seus garçons para passar a noite inteira empurrando garrafas de  mineral podiam aprender com o Glouton).

O serviço é o ponto fraco da casa. Os jovens garçons ainda estão (muito) verdes. Ao longo da noite, se mostraram perdidos com os pedidos e pecaram com a desatenção aos comensais. O Glouton necessita, com urgência, de um maitre para ajudar na coordenação do salão. 


Sobre o cardápio em si, gostei bastante das pastillas de queijo canastra com mel (queijo envolvido com massa philo) e dos camarões em papillote com basílico. Destaco também os tentáculos de polvo (derretendo na boca) com farofa (divina - uma mistura bem crocante que incluía, creio, cevadinha, biscoitos, xerém de castanhas) e purê de coentro. Entre os pratos principais, provei e aprovei o entrecôte bordelaise, tutano e batatinhas (ponto perfeito da carne, molho correto, batatas crocante, mas bem que o tutano podia vir dentro do próprio osso e com uma colherinha à parte) e o confit de pato, purê de baroa com gengibre e molho de tamarindo (delicioso - o pato levemente adocicado por causa do tamarindo). O ponto baixo da noite foi a arraia na manteiga noisette com purê de cenoura e molho de vermute (arraia bem abaixo do ponto de cocção, manteiga longe de ser noisette e tímido molho de vermute). Sobremesas? Divinas (creme brulée feito com fava de baunilha e não com extrato, e o amargo da torta de chocolate em casamento perfeito (por contraste) com o azedinho sorbet de framboesa)!

Por oferecer uma proposta diferente ao que encontramos usualmente em BH - cardápio enxuto que preza pela sazonalidade dos ingredientes, com bons preços, e muito bem executado pelo chef Léo Paixão - certamente irei retornar ao Glouton.





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