18.4.12

Diário de Viagem - Costa Mágica e Buenos Aires - Parte 04 / 10



Dia 04 – quinta-feira, 08 de março de 2012

Acordo tarde. Ligo o celular para ver as horas: 08h38, horário de Brasília. Ou seja, são 09h38, horário local do Uruguai. Por causa disso sou obrigado a tomar café no bandejão do 9º andar, pois o do 3º já acabou.

Vou até a varanda da cabine. O navio já desceu as âncoras e está parado. Avisto Punta Del Este. Vejo uma embarcação da polícia de imigração uruguaia ao lado do navio.


Punta Del Este vista da varanda da minha cabine



 Barco da polícia de imigração do Uruguai



Ao tomar café da manhã no restaurante Bellagio (o bandejão do 9º andar), sinto estar em outro navio. O público é mal educado. Cada um parece avançar sobre o bufê como se não houvesse amanhã. Mesas vazias são disputadas a tapas. Com certeza quem toma café da manhã e faz o almoço somente no Bellagio sairá do navio com uma impressão bem diferente daqueles que fizeram as refeições no Restaurante Esmeralda do 3º andar.

No bufê havia frutas em pedaços, como mamão, melão e melancia, mingau de aveia, focaccia, panquecas americanas, maple syrup (xarope de maple), french toast (rabanadas de pão de forma), fatias de bacon, omelete feita de ovo líquido de caixa de papelão, linguiça, salaminho, queijos, polenguinho, dulce de leche. Sinceramente, a comida do café da manhã do Bellagio dá para o gasto. O problema maior é o ambiente e o público. Porém, o café da manhã do Esmeralda é infinitamente melhor. Além disso, os pratos, xícaras e copos do Bellagio são de plástico, pois o restaurante fica ao lado da piscina.

Da janela do Bellagio, avisto prédios altos de Punta del Este.

Depois do café, Lorena e eu seguimos para um salão onde está um grupo de brasileiro que, assim como nós, deseja descer em Punta del Este. O grupo é liderado por Leco, um funcionário brasileiro do navio, que irá nos levar até as embarcações que fará o acesso ao continente.

Para chegar às embarcações (ou botes), passamos por corredores internos do navio cujo acesso é restrito à tripulação. É interessante notar que há um mundo atrás (ou melhor, debaixo) de onde estão as cabines dos passageiros. Vejo o refeitório dos funcionários e algumas de suas cabines cujas portas estavam abertas (não há janelas, mas são espaçosas).


Bote que faz a ligação entre o navio e co continente 

O bote visto de perto 


 Perceba que os botes serão "içados" antes do navio zarpar.
Eles ficam "guardados" abaixo do nome do navio. 



Fiquei surpreso ao descer em Punta del Este sem ter que passar pela alfândega e/ou imigração. Parece que um acordo entre os navios de cruzeiro e o Uruguai isenta a apresentação de passaporte ou identidade ao pisar em território estrangeiro. Tudo que tive que apresentar ao deixar o navio (e ao retornar) foi o cartão da Costa Mágica que é utilizado a bordo para acessar a cabine e pagar as contas nos restaurantes e lojas.

Punta Del Este, no Uruguai 

 O porto de Punta

 Veleiros

 Barcos de pesca



Lorena e eu optamos em não fazer as excursões que são vendidas no navio. Preferimos caminhar pelas ruas de Punta del Este. Ao chegar à terra firme, avistamos um centro de informações ao turista. Lá, pedimos um mapa e sugestão de um trajeto de caminhada.

Foi uma ótima opção não fazer o passeio vendido a bordo (U$ 69 por pessoa), pois os ônibus iam para os mesmo lugares que nós. A diferença é que íamos a pé, pois o ritmo da excursão e o nosso era praticamente o mesmo.

Gostei bastante de ver que toda a fiação de Punta del Este é subterrânea. É triste ver que no Brasil, mesmo em cidades turísticas e em bairro recém-construídos, a fiação dos postes é aérea. E pior, em muitos postes no Brasil, mesmo em bairros de elite, dá para contar mais de dez fios indo e vindo. Uma verdadeira gambiarra.


Postes de fiação subterrânea


Bairro residencial em Punta del Este. Ao fundo, o mar.


Fora de temporada, Punta fica deserta


Praça e igreja


Fico encantado com a arquitetura de Punta del Este. Há casas que me fazem lembrar das construções do Novo México, nos E.U.A. Outras que me remetem às ruas ensolaradas do sul da Califórnia. São casas baixas, com jardins bem cuidados e sem muros. Algumas têm traços retos e varandas com vista para o mar. É interessante também observar a quantidade de janelas diferentes.



Casa sem muros



 Em Punta, encontra-se tudo que é tipo de casa. 


Arquitetura de Punta

 
 Ruas tranquilas e bem cuidadas



Prédio moderno e elevador panorâmico 


Varandas 

Mais varandas

Outro prédio cuja arquitetura me chamou a atenção 


Janelas de madeira


Janelas azuis


 Traçados retos

Traçados sinuosos 



 Edifício com vista para o mar



Todas as casas têm nomes. Isto mesmo: todas foram “batizadas”. Em cada uma delas, na frente do muro e ao lado do número, está o nome da casa.



"Mar e Vento"


 
"La Bretonne"

 "Sea Breeze"



 "Napotota"




As ruas de Punta são desertas. Parece que a cidade é um balneário que depende da temporada de verão para sobreviver. Vimos apenas um ou outro grupo de turistas. Os demais eram todos do Costa Mágica.  



 Turistas à beira mar


 Turistas comprando chapéus

Pescador solitário

 Amigos pescadores


 Uma outra panorâmica de Punta del Este



Depois de caminhar à beira do mar, seguimos para uma região mais movimentada da cidade: um centro  que reúne diversas lojas.



 Centro de compras


 O centro de Punta del Este



Entramos em um supermercado para ver quais alimentos existem nas gôndolas uruguaias. Visitar supermercados costuma ser uma das primeiras coisas que faço quando chego a uma terra estrangeira.

Compro potes de dulce de leche Copranole, o mais famoso do Uruguai. Pago duzentos e poucos pesos por cinco potes. Ou seja, cerca de 20 reais (a conversão do peso uruguaio para o Real é 10 por 1).

Após bater muita perna, a fome se instala no estômago. É hora de encontrar uma legítima parrilla uruguaia.

Peço uma “morcilla dulce”, que tem uvas passas e cominho, e a saboreio sozinha (Lorena não gosta de morcilla). Divina! Como prato principal, pedimos chorizo com batata ao roquefort. Para acompanhar, uma taça de um vinho tinto bem honesto (ao preço de 7 reais!).


Minha primeira parrilla da viagem
para o Uruguai e Argentina: 
o El Tonel, em Punta del Este


 Parrilla e parrilleiro


 

 Morcilla dulce



Depois do almoço, é hora de entrar em um Café Havanna para alfajor e espresso.

Café Havanna 


Hora de retornar à caminhada. Seguimos em direção a “La Mano”, uma escultura de uma mão gigante enterrada na areia que é ponto obrigatório para os turistas posarem para fotos.




Bairro mais moderno de Punta 

 La Mano



A nossa próxima visita turística é o Hotel Conrad, um dos mais famosos cassinos da América do Sul. O hotel é luxuoso e tem um lobby imponente. Já em relação ao cassino, fico um pouco decepcionado. Acho pequeno em comparação aos que já visitei nos E.U.A.


 Hotel Conrad



Lobby do Hotel Conrad 

Luxo e requinte


 Entrada do cassino que fica dentro do Hotel Conrad



 
Esta Mercedes, acreditem, é um táxi comum.


Retornarmos a pé para o píer de onde sairão as embarcações que nos levarão de volta ao navio. Ficou boquiaberto com o tamanho da fila. Não imaginava que praticamente todos os passageiros do navio tinham desembarcado em Punta del Este. Certamente há mais de duas mil pessoas na fila, que se estende por centenas de metros. Nada pode ser feito a não ser esperar. Ao invés de ficar em pé na fila, Lorena e eu sentamos num canto para esperar a fila diminuir.



 Passarela de madeira à beira mar

 A praia nada chamativa de Punta del Este

 Dia cinzento

Prédios à beira-mar 


Mês de março no mais famoso balneário uruguaio 


Nas proximidades do porto, leões marinhos entretém os turistas


Na hora de retornar ao navio, uma fila imensa 


 Haja paciência...



São 17h30 e estou de volta ao Costa Mágica. Vou rapidamente ao quarto para colocar um calção de banho. Sigo para a piscina para ver o navio zarpar. Lorena vai apanhar duas fatias de pizza para enganar a nossa fome até o jantar.


 De volta ao navio, é hora de vê-lo zarpar da piscina


Lorena me conta que viu uma argentina empilhar oito fatias de pizza em um prato. O chef que as preparava era brasileiro. Ele disse para a Lorena que este absurdo é usual no navio. O pior é que a maioria das pessoas que colocam esse punhado de pizzas no prato come duas ou três fatias e largam o resto. E sabe para onde vai toda esta comida que sobra? É processada e jogada em alto-mar. Pois é, leis internacionais permitem que os navios joguem lixo em águas internacionais (a 25 km da costa).

No jacuzzi da academia vejo casaizinhos adolescentes argentinos de uns 14 ou 15 anos com alianças de compromisso. Dois dias antes, vi estes mesmos adolescentes na jacuzzi sem as alianças de compromisso. Imagino que a aproximação do término do cruzeiro deve tê-los deixados mais românticos.

Do deck do navio, ao anoitecer, percebo que já estamos no Rio do Prata. Dá para perceber que as águas são mais escuras, a velocidade é mais lenta, e que há muita movimentação de outras embarcações ao redor. Conto 14 luzes; ou seja, 14 barcos.

No último jantar do navio, Lorena e eu tomamos mais uma garrafa do agradável rosê toscano Ciprecetto Rosato 2010. De entrada, vou de tortilla de camarão. Sigo com creme frio de pera e, depois, bucatini alla matriciana. Como prato principal, peço peixe com arroz. De sobremesa, mousse de chocolate.



 O último jantar a bordo






 Cardápio da última noite


No final do jantar, apagam-se as luzes e os garçons acendem velas. Toca “Time de Say Goodbye” na voz de Andrea Bocelli.

Subimos para o deck para uma última caminhada à noite no navio. Vamos até a popa e vemos um corredor de luzes para o navio passar. Do lado direito do navio há boias com luzes vermelhas. Do lado direito, verdes. O navio deve passar entre as luzes demarcadas. É uma estrada demarcada sobre a água. À distância, vejo outro navio seguindo pelo Rio do Prata.


 O deck deserto à noite. 
Acima, perceba o bote que dá acesso ao continente.



Descemos para o hall principal para um cálice de Grand Marnier com gelo. Percebo no rosto dos demais passageiros um sentimento de tristeza e saudosismo. Afinal, é a última noite a bordo. Poucas pessoas dançam. A maioria prefere apenas escutar os músicos que tocam canções de Cole Porter, Gershwin, e Nat King Cole.

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