Dia 04 – quinta-feira,
08 de março de 2012
Acordo
tarde. Ligo o celular para ver as horas: 08h38, horário de Brasília. Ou
seja, são 09h38, horário local do Uruguai. Por causa disso sou obrigado a
tomar café no bandejão do 9º andar, pois o do 3º já acabou.
Vou
até a varanda da cabine. O navio já desceu as âncoras e está parado. Avisto
Punta Del Este. Vejo uma embarcação da polícia de imigração uruguaia ao lado do
navio.
Punta Del Este vista da varanda da minha cabine
Barco da polícia de imigração do Uruguai
Ao
tomar café da manhã no restaurante Bellagio (o bandejão do 9º andar), sinto
estar em outro navio. O público é mal educado. Cada um parece avançar sobre o
bufê como se não houvesse amanhã. Mesas vazias são disputadas a tapas.
Com certeza quem toma café da manhã e faz o almoço somente no Bellagio sairá do navio com uma impressão bem diferente daqueles que fizeram
as refeições no Restaurante Esmeralda do 3º andar.
No
bufê havia frutas em pedaços, como mamão, melão e melancia, mingau de aveia,
focaccia, panquecas americanas, maple syrup (xarope de maple), french
toast (rabanadas de pão de forma), fatias de bacon, omelete feita de ovo
líquido de caixa de papelão, linguiça, salaminho, queijos, polenguinho, dulce
de leche. Sinceramente, a comida do café da manhã do Bellagio dá para o gasto. O problema maior é o ambiente e o público. Porém, o café da manhã do Esmeralda é infinitamente
melhor. Além disso, os pratos, xícaras e copos do Bellagio são de
plástico, pois o restaurante fica ao lado da piscina.
Da
janela do Bellagio, avisto prédios altos de Punta del Este.
Depois
do café, Lorena e eu seguimos para um salão onde está um grupo de brasileiro
que, assim como nós, deseja descer em Punta del Este. O grupo é liderado por
Leco, um funcionário brasileiro do navio, que irá nos levar até as embarcações
que fará o acesso ao continente.
Para
chegar às embarcações (ou botes), passamos por corredores internos do navio
cujo acesso é restrito à tripulação. É interessante notar que há um mundo atrás
(ou melhor, debaixo) de onde estão as cabines dos passageiros. Vejo o
refeitório dos funcionários e algumas de suas cabines cujas portas estavam abertas
(não há janelas, mas são espaçosas).
Bote que faz a ligação entre o navio e co continente
O bote visto de perto
Perceba que os botes serão "içados" antes do navio zarpar.
Eles ficam "guardados" abaixo do nome do navio.
Fiquei
surpreso ao descer em Punta del Este sem ter que passar pela alfândega e/ou
imigração. Parece que um acordo entre os navios de cruzeiro e o Uruguai isenta
a apresentação de passaporte ou identidade ao pisar em território estrangeiro.
Tudo que tive que apresentar ao deixar o navio (e ao retornar) foi o cartão da
Costa Mágica que é utilizado a bordo para acessar a cabine e pagar as contas
nos restaurantes e lojas.
Punta Del Este, no Uruguai
O porto de Punta
Veleiros
Barcos de pesca
Lorena
e eu optamos em não fazer as excursões que são vendidas no navio. Preferimos caminhar
pelas ruas de Punta del Este. Ao chegar à terra firme, avistamos um centro de
informações ao turista. Lá, pedimos um mapa e sugestão de um trajeto de
caminhada.
Foi
uma ótima opção não fazer o passeio vendido a bordo (U$ 69 por pessoa), pois os
ônibus iam para os mesmo lugares que nós. A diferença é que íamos a pé, pois o ritmo da excursão e o nosso era praticamente o mesmo.
Gostei
bastante de ver que toda a fiação de Punta del Este é subterrânea. É triste
ver que no Brasil, mesmo em cidades turísticas e em bairro recém-construídos, a
fiação dos postes é aérea. E pior, em muitos postes no Brasil, mesmo em bairros de elite, dá para contar mais de dez fios indo e vindo. Uma verdadeira gambiarra.
Postes de fiação subterrânea
Bairro residencial em Punta del Este. Ao fundo, o mar.
Fora de temporada, Punta fica deserta
Praça e igreja
Fico
encantado com a arquitetura de Punta del Este. Há casas que me fazem lembrar
das construções do Novo México, nos E.U.A. Outras que me remetem às ruas
ensolaradas do sul da Califórnia. São casas baixas, com jardins bem cuidados e
sem muros. Algumas têm traços retos e varandas com vista para o mar. É
interessante também observar a quantidade de janelas diferentes.
Casa sem muros
Em Punta, encontra-se tudo que é tipo de casa.
Arquitetura de Punta
Ruas tranquilas e bem cuidadas
Prédio moderno e elevador panorâmico
Varandas
Mais varandas
Outro prédio cuja arquitetura me chamou a atenção
Janelas de madeira
Janelas azuis
Traçados retos
Traçados sinuosos
Edifício com vista para o mar
Todas
as casas têm nomes. Isto mesmo: todas foram “batizadas”. Em cada uma delas, na
frente do muro e ao lado do número, está o nome da casa.
"Mar e Vento"
"La Bretonne"
"Sea Breeze"
"Napotota"
As
ruas de Punta são desertas. Parece que a cidade é um balneário que depende da
temporada de verão para sobreviver. Vimos apenas um ou outro grupo de turistas. Os demais eram todos do Costa Mágica.
Turistas à beira mar
Turistas comprando chapéus
Pescador solitário
Amigos pescadores
Uma outra panorâmica de Punta del Este
Depois
de caminhar à beira do mar, seguimos para uma região mais movimentada da
cidade: um centro que reúne diversas lojas.
Centro de compras
O centro de Punta del Este
Entramos
em um supermercado para ver quais alimentos existem nas gôndolas uruguaias. Visitar supermercados costuma
ser uma das primeiras coisas que faço quando chego a uma terra estrangeira.
Compro
potes de dulce de leche Copranole, o mais famoso do Uruguai. Pago duzentos e
poucos pesos por cinco potes. Ou seja, cerca de 20 reais (a conversão do peso
uruguaio para o Real é 10 por 1).
Após
bater muita perna, a fome se instala no estômago. É hora de encontrar uma
legítima parrilla uruguaia.
Peço
uma “morcilla dulce”, que tem uvas passas e cominho, e a saboreio sozinha
(Lorena não gosta de morcilla). Divina! Como prato principal, pedimos chorizo
com batata ao roquefort. Para acompanhar, uma taça de um vinho tinto bem
honesto (ao preço de 7 reais!).
Minha primeira parrilla da viagem
para o Uruguai e Argentina:
o El Tonel, em Punta del Este
Parrilla e parrilleiro
Morcilla dulce
Depois
do almoço, é hora de entrar em um Café Havanna para alfajor e espresso.
Café Havanna
Hora
de retornar à caminhada. Seguimos em direção a “La Mano”, uma escultura de uma
mão gigante enterrada na areia que é ponto obrigatório para os turistas posarem
para fotos.
Bairro mais moderno de Punta
La Mano
A nossa próxima visita turística é o Hotel Conrad, um dos mais famosos cassinos
da América do Sul. O hotel é luxuoso e tem um lobby imponente. Já em
relação ao cassino, fico um pouco decepcionado. Acho pequeno em comparação
aos que já visitei nos E.U.A.
Hotel Conrad
Lobby do Hotel Conrad
Luxo e requinte
Entrada do cassino que fica dentro do Hotel Conrad
Esta Mercedes, acreditem, é um táxi comum.
Retornarmos
a pé para o píer de onde sairão as embarcações que nos levarão de volta ao
navio. Ficou boquiaberto com o tamanho da fila. Não imaginava que praticamente
todos os passageiros do navio tinham desembarcado em Punta del Este. Certamente há mais de duas mil pessoas na fila, que se estende por centenas de metros. Nada
pode ser feito a não ser esperar. Ao invés de ficar em pé na fila, Lorena e eu
sentamos num canto para esperar a fila diminuir.
Passarela de madeira à beira mar
A praia nada chamativa de Punta del Este
Dia cinzento
Prédios à beira-mar
Mês de março no mais famoso balneário uruguaio
Nas proximidades do porto, leões marinhos entretém os turistas
Na hora de retornar ao navio, uma fila imensa
Haja paciência...
São
17h30 e estou de volta ao Costa Mágica. Vou rapidamente ao quarto para colocar
um calção de banho. Sigo para a piscina para ver o navio zarpar. Lorena vai
apanhar duas fatias de pizza para enganar a nossa fome até o jantar.
De volta ao navio, é hora de vê-lo zarpar da piscina
Lorena
me conta que viu uma argentina empilhar oito fatias de pizza em um prato. O chef que as preparava era brasileiro. Ele disse para a Lorena que este absurdo é usual no
navio. O pior é que a maioria das pessoas que colocam esse punhado de pizzas no prato
come duas ou três fatias e largam o resto. E sabe para onde vai toda esta comida
que sobra? É processada e jogada em alto-mar. Pois é, leis internacionais
permitem que os navios joguem lixo em águas internacionais (a 25 km da costa).
No
jacuzzi da academia vejo casaizinhos adolescentes argentinos de uns 14 ou 15
anos com alianças de compromisso. Dois dias antes, vi estes mesmos adolescentes
na jacuzzi sem as alianças de compromisso. Imagino que a aproximação do término
do cruzeiro deve tê-los deixados mais românticos.
Do
deck do navio, ao anoitecer, percebo que já estamos no Rio do Prata. Dá para perceber
que as águas são mais escuras, a velocidade é mais lenta, e que há muita
movimentação de outras embarcações ao redor. Conto 14 luzes; ou seja, 14 barcos.
No
último jantar do navio, Lorena e eu tomamos mais uma garrafa do agradável rosê
toscano Ciprecetto Rosato 2010. De entrada, vou de tortilla de camarão. Sigo
com creme frio de pera e, depois, bucatini alla matriciana. Como prato
principal, peço peixe com arroz. De sobremesa, mousse de chocolate.
O último jantar a bordo
Cardápio da última noite
No
final do jantar, apagam-se as luzes e os garçons acendem velas. Toca “Time de
Say Goodbye” na voz de Andrea Bocelli.
Subimos
para o deck para uma última caminhada à noite no navio. Vamos até a popa e
vemos um corredor de luzes para o navio passar. Do lado direito do navio há
boias com luzes vermelhas. Do lado direito, verdes. O navio deve passar entre
as luzes demarcadas. É uma estrada demarcada sobre a água. À distância, vejo outro navio seguindo pelo Rio do Prata.
O deck deserto à noite.
Acima, perceba o bote que dá acesso ao continente.
Descemos
para o hall principal para um cálice de Grand Marnier com gelo. Percebo no
rosto dos demais passageiros um sentimento de tristeza e saudosismo. Afinal, é a última noite a bordo. Poucas pessoas dançam. A maioria prefere apenas escutar os músicos que
tocam canções de Cole Porter, Gershwin, e Nat King Cole.
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