28.3.09

Restaurantes sem alma

Um dos blogs que leio regularmente e recomendo a todos é o Blog do Luiz Américo, editor-chefe do caderno Paladar, do jornal O Estado de São Paulo.

Lá, ele discute assuntos relacionados à gastronomia, principalmente da cidade de São Paulo, onde mora.

Entretanto, muitos dos comentários em suas postagens podem ser associados a Belo Horizonte, cidade onde moro.

Veja, por exemplo, trechos do post "Aurea mediocritas", publicado em 23 de março de 2009:


"Eu ando com medo da restauração média na cidade. (...) Existem [estabelecimentos] que estão cada vez mais perdidos. Eu ajusto o olhar na altura do patamar deste tipo de restaurante e vejo um mar de confits de pato, de risotos de funghi, de massas com algum produto trufado e tantas coisas mais... São lugares que abrem (e fecham) repetindo os mesmos cardápios, os mesmos trejeitos, aprisionados entre clichês da escola contemporânea e mesmices mal interpretadas da cozinha franco-italiana. Guiam-se pelas mesmas ilusões (Quais seriam elas? Surfar uma determinada onda? Aproveitar um ponto da moda? Clonar um restaurante de sucesso?) e cometem os mesmos erros. Alguns dão aquela impressão do sujeito que, com algum capital, reuniu jogadores, montou um time e quer estrear no campeonato já na primeira divisão. (...) o que realmente me intriga é a ausência de alma nesses empreendimentos – com o perdão da subjetividade do conceito. Será que o restaurateur, o cozinheiro, não tiveram alguma vivência própria (uma história familiar, uma experiência de viagem, sei lá) capaz de se converter numa casa com ao menos um toque pessoal, alguma personalidade? Ninguém é obrigado a ser original em tudo o que faz, e eu creio que sempre existirá espaço para todos que trabalharem bem. Mas por que essa nossa média restauração insiste tanto no contrário, na reprodução de fórmulas anódinas? Onde foi que erramos? Quando o arquiteto e o decorador se tornaram mais importantes do que o cozinheiro? Quando o cozinheiro passou a achar que o acessório (o supérfluo) valia mais do que o essencial (o produto, a técnica)? Quando os modismos passaram a ser adotados sem critério? (...) A mediocridade, enfim, não é dourada. É perigosa.".

Em Belo Horizonte, o principal sintoma dessa praga de restaurantes sem alma é a tal da comida em formato de cone.
Quem será que teve a idéia estúpida de vender pizza em formato de casquinha de sorvete? Será que esta pessoa naõ sabe que o queijo derretido dentro do cone é um vulcão borbulhante pronto para queimar a boca de quem o come?
Não consigo entender como é que estes ditos "empresários" podem ser tão pouco criativos. Como é triste ver essa onda patética de coneterias e temakerias pipocando por tudo que é canto da cidade. Por que não investir em estabelecimentos que não existem na capital como, por exemplo, uma padaria que funcione 24 horas na região da Savassi?

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