3.9.08

Se insatisfeito, reclame

Percebi que após meu último post - Entre Pilhas de Copos e Pratos Sujos - houve um leve aumento no número de pessoas que acessaram meu blog. Pelo jeito, meus leitores gostam de me ver "armar o barraco" e lutar por aquilo que acredito. Seja eu este herói tupiniquim ou apenas um reclamão chatonildo, recomendo a todos vocês: "se insatisfeito, reclame". E, preferencialmente, de maneira formal como, por exemplo, via e-mail. Foi o que eu fiz.

Após ter enviado minha reclamação formal para o Outback (basicamente a cópia do post acima citado), fui convidado a retornar ao local para almoçar. Desta vez, felizmente, tudo deu certo. Além de reclamar é preciso dar uma chance às pessoas se redimirem (vixi, vou parar por aqui senão irei parecer autor de livros de auto-ajuda). Mas antes disso, para agraciar vocês, meus caros leitores, com um pouco mais de minhas reclamações, posto abaixo e-mails trocados com o restaurante Graciliano.

No dia 26 de julho de 2006, enviei o seguinte e-mail:


"Senhores responsáveis,

Meu nome é Rusty Marcellini. Já trabalhei como cozinheiro e chef de cozinha em Belo Horizonte e São Paulo. Atualmente escrevo sobre gastronomia (tenho 2 livros publicados: Caminhos do Sabor - Estrada Real e Caminhos do Sabor - Rota dos Tropeiros).
Domingo, almocei na Graciliano do Pátio Savassi e tive uma imensa decepção. No buffet de sobremesa, decidi experimentar o que a funcionária indicava ser "tiramisú". Ao sentar à mesa para prová-lo, pude constatar que aquilo jamais era ou seria um tiramisú. Voltei a funcionária para perguntar se havia entendido errado. Mas não. Para a Graciliano, o nome da sobremesa era mesmo "tiramisú".
Tenho certeza que vocês saibam que um tiramisú tem mascarpone, biscoitos champanhe mergulhados em expresso (ou café) e um pouco de licor (que pode ser Marsala, Amaretto, ou até rum). Sem isso, um tiramisú não é um tiramisu. A sobremesa da Graciliano era feita basicamente apenas de creme de leite polvilhado com chocolate em pó.
Felizmente, já provei a sobremesa do jeito que deve ser feita em vários restaurantes. Mas pessoas que o provaram pela primeira vez no Graciliano jamais saberão o quanto ela é maravilhosa. Estas pessoas podem ter saído com a falsa impressão de que aquilo que acabaram de degustar era mesmo um tiramisú.
Por isso, venho através deste e-mail pedir o cuidado e o carinho ao nomear os pratos servidos no restaurante. Ao chamar uma sobremesa por aquilo que ela não é, os senhores estão chamando o seu público de ignorante e desconhecedor da boa gastronomia que prometem oferecer.
Obrigado pela atenção,
Sinceramente.
Rusty Marcellini."



A resposta recebida no dia 27 de julho de 2006 foi a seguinte:



"Caro Rusty,

Foi com imensa satisfaçaõ que recebemos o seu email. É bom saber que pessoas bacanas,viajadas e conhecedoras da verdadeira gastronomia internacional frequentam o nosso humilde estabelecimento. Também já provei o maravilhoso tiramisu em algumas de minhas viagens a Italia, pais que adoro de paixão. Infelizmente, não dispomos do delicioso mascarpone e de alguns outros ingredientes gourmets que com certeza fazem toda a diferença em uma bruscheta, uma focaccia, uma papa ao pomodoro ou então a inesquecivel ribolita! Por isso, tentamos buscar inspiração nas cozinhas seculares para uma adaptação das nossas receitas para o dia a dia, levando em conta custo e beneficio (sabemos quanto custa o verdadeiro mascarpone no Brasil!). A partir de agora, vamos então rebatizar o nosso tiramisu de pavê de chocolate com café, o que seria mais apropriado. Espero que você possa voltar a um dos 3 Gracilianos e nos prestigiar novamente! Mais uma vez, obrigado pelo toque!

Rodrigo Santos"
[Responsável pelo Graciliano]



Pois é, viva! Através de minha carta eu consegui mudar o nome da sobremesa.


Tempos depois, no dia 10 de novembro de 2007, enviei outro e-mail ao mesmo Graciliano. Reproduzo-o abaixo:



"Prezado(s) Responsável(is) pelo Graciliano Pátio,
Meu nome é Rusty Marcellini. No último domingo, dia 04/11, estive no Graciliano Pátio para almoçar. Cheguei ao local acompanhado de mais três pessoas às 14:30hrs. Como de costume apanhei o cartão na entrada e sentei à mesa. Iniciei meu almoço servindo salada e frios. Entretanto, minutos depois, na hora de servir os pratos quentes, fui informado que o bufê não seria reposto e que o serviço já estava encerrando. Dentre os pratos à disposição, as opções eram poucas (e sinceramente, mais parecia restos e fim de festa). E não eram nem sequer 15:00 hrs de domingo!
Ao chamar a gerente, a desculpa por ela dada foi de que o cozinheiro era novato. Dúvido, pois já o havia visto por lá.É um absurdo que um restaurante como o Graciliano depois de anos de história cometa erros tão primários e imaturos como este acima citado.
Indignado, nada pude fazer a não ir buscar outro restaurante para comer pratos quentes.
Sinceramente,
Rusty Marcellini".


No dia seguinte, a resposta:


"Prezado Rusty,

Sei que nenhuma desculpa irá justificar seu descontentamento,com o lamentavel almoço do dia 04/11.No entanto,gostaria de convida-lo,juntamente com as pessoas que aqui estiveramcom voce naquele domingo,para almoçar no Graciliano e tirar a péssima impressãoque foi deixada por nós naquele dia.Sei que somos passíveis de erro,mas posso garantir que do Graciliano voce terá sempre"Domingos para se lembrar".

Aguardamos seu retorno.

Att. Duia Toledo". [Responsável pelo Graciliano].



Por isso, caros leitores, caso tenho acontecido alguma insatisfação em algum bar, restaurantes, ou uma birosca qualquer, seja um cidadão e reclame. Dessa maneira, você estará fazendo sua parte para melhorar os estabelecimentos de nossa cidade.

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