Caso não saiba, Fernando Morais é um dos melhores biografos do país e já escreveu sobre a vida de Olga, Chatô, e Paulo Coelho, além dos livros Na Toca dos Leões (sobre a W/Brasil), A Ilha (sobre Cuba), e Corações Sujos (sobre a Shindo Renmei). Todos, ótimos.
Já Cem Quilos de Ouro, trata de uma coletânea de 12 reportagens e entrevistas do autor. Algumas são esplendorosas, como a que batiza o livro e trata de um sequestro no final ocorrido no final dos anos 80. Destaco ainda uma reportagem em que o autor cruzou a Transamazônica nos anos 70, a entrevista com Frei Betto, e dois perfis de Collor, um durante e outro após o mandato presidencial.
Abaixo, um trecho da interessante reportagem que trata da rodovia Transamazônica.
“(...) a faixa de terra considerada “boa” para a agricultura, a “terra-roxa”, está limitada a um trecho de menos de cem quilômetros de extensão, na região de Altamira. O “novo Paraná” não existe. Mas quando as equipes do Ipean – Instituto de Pesquisas Agropecuárias do Norte – entregaram os laudos demonstrando que só havia fertilidade em cerca de 3,6% das terras ao longo da Transamazônica, não havia mais jeito de voltar atrás. (...) Para compensar as desilusões, que não foram poucas (centenas de famílias desistiram e voltaram às suas cidades de origem), o governo passou a adotar uma política paternalista: cada colono que chegasse à Transamazônica recebia, dependendo do número de filhos, de seis a nove salários mínimos por mês, a título de ajuda de custo. Aí surgiu outro problema: com o dinheiro garantido no final do mês, muitos colonos tornaram indolentes, desinteressaram-se pela terra, deixaram de plantar.”
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