25.5.08

Transporte coletivo

Quando morei em Minneapolis, nos E.U.A., era raro ficar preso em engarrafamentos na hora do rush. Isto porque havia uma faixa exclusiva para carros com duas ou mais pessoas. Por não ser dono de veículo, andava sempre como passageiro. Dessa forma, aquele que me levava tinha o privilégio de, além de contar com minha agradável companhia, poder circular por vias desimpedidas.

Infelizmente, um problema típico a países de primeiro mundo começa a existir no Brasil. Em nosso país é cada vez mais comum ver carros rodando com apenas uma pessoa. A cada dia que passa há mais pessoas comprando seu primeiro carrinho e, portanto, deixando de utilizar o transporte coletivo. Consequentemente, com o aumento do número de veículos nas ruas, as artérias das grandes cidades acabam se entupindo. Alguns governantes, ao invés de oferecer transporte coletivo de qualidade a população, preferem construir novas vias. É o mesmo que um médico fazer regularmente pontes de safena em um comedor de picanhas ao invés de ensiná-lo a se alimentar de maneira saudável e equilibrada.

Longe desta muvuca urbana está o pequeno vilarejo de Jericoacoara. Na minúscula localidade cearense, as poucas ruas são feitas de areia e carros são raridades. Por estar isolada entre dunas e o mar, os habitantes da comunidade dependem dos poucos que tem o privilégio de serem donos de caminhonetes com tração nas 4 rodas ou bugues. Por este motivo é essencial saber utilizar o transporte coletivo da maneira eficaz.

Quem precisa chegar a Jijoca (cidade a 20 km de Jeri que é alcançada em 1 hora de viagem por estrada que corta dunas de areia) pode contar com uma D-20. Diariamente no final da tarde, a caminhonete leva os trabalhadores de volta para casa. São 27 pessoas distribuídas da seguinte maneira: quatro dentro da cabine, dez assentados na carroceria, oito no teto, e cinco em pé sobre o parachoque traseiro. E todos sorrindo como se não houvesse o amanhã. Formidável como os jericoacoarenses conseguem tamanha proeza. Isso sim é transporte coletivo!


3 comentários:

Anônimo disse...

Rusty,

Vale lembrar, que para melhorar o transporte nas grandes metrópoles, torna-se essencial o investimento nos transporte públicos limpos, rápidos e eficientes. Claro que o investimento é alto, mas o retorno vem a longo prazo. Há que se dizer também que o Brasil tem que investir nos transporte ferroviários e hidroviário para longas distâncias, tamanha a abundância de rios navegáveis que cortam o país. Com certeza a manutenção em estradas seria reduzida bruscamente, além dos custos de transporte dos bens de consumos caírem mais que a metade.
Temos que conscientizar nossa gente para este gargalo nacional.

Abraços,
PG

Anônimo disse...

è isso ao pisita,
O que seria das grandes construtoras do nosso país e dos políticos corruptos que dependem delas para se elegerem.
Esse é o Brasil, onde trabalhamos desde janeiro até o mês passado só pra encher o bolso desses FDPs.

Anônimo disse...

Concordo com o PG, mas no caso de reservas e de paraísos como jeri, o acesso deveria ficar cada vez mais difícil, é a única maneira de tentar preservar o local.