9.4.08

Coluna Água na Boca - 04.04.2008




O “Completão” do Feijão de Corda

Venho dividindo meu tempo entre Belo Horizonte e a região nordeste, onde coleto material para meu próximo livro. Mês passado, ao almoçar um “completão de carne de sol” no restaurante Carne de Sol do Ramiro, em Aracaju, algo inusitado aconteceu. Após a deliciosa refeição, fui cumprimentar Ramiro e parabenizá-lo pela excelência de sua comida. Ele agradeceu e perguntou de onde eu era. Respondi Belo Horizonte. Ramiro então me contou sobre Elso, um amigo que é dono de um restaurante nordestino na capital mineira. Disse ainda que o estabelecimento se chama Feijão de Corda, está localizado na Rua Barão de Macaúbas, no bairro Santo Antônio, e possui cardápio semelhante ao seu. “Tem certeza?”, retruquei. “Eu já passei por essa rua centenas de vezes e nunca vi o restaurante”. Ramiro, um sergipano arrêtado, brincou perguntando se eu tinha problemas de visão. Imerso na cultura local, disparei um: “ó xente! Tenho não, seu vaca véia.”. Nos despedimos com sorrisos e garanti ao simpático aracajuense que assim que chegasse a Belo Horizonte iria procurar o Feijão de Corda.

No último sábado, com um pé atrás, sai de casa disposto a achar o restaurante que Ramiro recomendara. Por já ter almoçado, caso o encontrasse, retornaria no dia seguinte. Subi lentamente a Rua Barão de Macaúbas desde o seu início. Com olhos de águia, observei tudo o que pudesse ser um estabelecimento comercial. E não é que acabei encontrando o tal Feijão de Corda?! Ramiro tinha razão: o restaurante existe. “Êta cabra da peste”, falei em voz alta. Em seguida, parei o carro, entrei no local e pedi um cardápio. “Ê maravilha!”, exclamei para o garçom ao ver escrito o Completão de Carne de Sol.

Domingo à tarde juntei uma patota para ir ao Feijão de Corda. O restaurante é realmente escondido. Meus companheiros de comilança, apesar de já terem passado por ali inúmeras vezes, também jamais o avistaram. Recomendo a Elso urgentemente sinalizá-lo e iluminá-lo de maneira mais eficaz.

Apesar da simplicidade do lugar, a comida é de primeira grandeza. Iniciamos a farra gastronômica com porções de queijo coalho grelhado. Para beber, há sucos de frutas nordestinas como caju, cupuaçu, umbu, graviola, e cajá. Como prato principal, pedimos o completão (R$ 45,70 p/ 4 pessoas). O banquete consiste em um imenso pedaço de carne de sol grelhada, pirão de leite (também conhecido como pirão de queijo), macaxeira (nome nordestino para mandioca) cozida, paçoca, feijão de corda, arroz, farofa e vinagrete. Tudo divino.

Assim como fiz em Aracaju, chamei Elso à mesa para dar-lhe os parabéns pela comida. Ele me contou ser de Picuí, na Paraíba, cidade conhecida como a capital da carne de sol. Ele me disse que o restaurante está aberto há três anos. Ao ouvir esta informação, tive a certeza de ser um Zé Mane por não tê-lo descoberto o Feijão de Corda antes.

Feijão de Corda
Rua Barão de Macaúbas, 212.
Bairro: Santo Antônio
Tel: 3342-4225
Belo Horizonte - MG

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Rusty,
Essa coluna ficou a sua cara!!!
Parabéns!!!

PG