18.3.08

Viagens Pelo Brasil - Maragogi

No sábado, 15 de março, deixei Maceió em direção ao próximo destino turístico: Maragogi. Apesar da distância entre as duas cidades ser de aproximadamente 150 km, previ que iria passar o dia inteiro viajando, devido às várias paradas que calculei fazer.

Logo nos primeiros quilômetros, dei de cara com uma agradável surpresa. Às margens da rodovia encontrei barraquinhas de pescadores que vendiam lagostas frescas. Freei o carro e fui fotografá-las. Ao perguntar o preço, quase desmaiei: cinco ou seis lagostas, o que totalizava cerca de 1 kg, ao preço de 25 reais.

Lagostas à beira da estrada

A primeira parada programada foi na barraca/bar/restaurante Hibiscus. Situada num condomínio fechado, na Praia de Ipioca, fica de frente para um mar que o convida ao mergulho. O local é sofisticado, com jardim bem cuidado, quiosques de sapê, espreguiçadeiras, redes, e até sofás. Há consumação mínima de 25 reais por pessoa, o qual é facilmente gasto com caipiroscas de frutas e tira-gostos. Ao estudar as pessoas que freqüentam o Hibisco, noto, pelos óculos e bolsas de grife, que representam a classe média alta de Maceió.

O agradabilíssimo Hibiscus

Após rodar algumas dezenas de quilômetros, avisto às margens da estrada uma manada de búfalos se divertindo com banhos de lama. Paro o carro e dou umas clicadas em minha câmera. Minutos depois, chego ao Búfalo Bill, uma pequena loja que comercializa queijos, lingüiças, carnes, doce-de-leite: tudo feito de búfalo. Do lado de fora, há uma modesta churrasqueira que prepara as lingüiças e os espetinhos de carne e de queijo que são vendidos no estabelecimento. Assim, os clientes podem provar de imediato os produtos vendidos na loja e, se gostarem, levar para casa. Para apaziguar o calor africano, uma tenda foi montada no local para dar sombra aos clientes. Saboreando queijo grelhado de búfalo com doce-de-leite de búfalo (uma invenção minha) vejo passar vários treminhões (caminhões que parecem trem) carregados com toneladas de cana.

As delícias de búfalo no Buffalo Bill

O próximo pit-stop é a Pousada do Toque, em São Miguel dos Milagres, que pertence às Pousadas de Charme. O local é paradisíaco e parece pertencer às paginas de revistas de turismo. No restaurante da pousada, peço um polvo à provençal. Delicioso.

Seguindo viagem em direção à Maragogi encontro algo surrealista. Com o cair do sol, por volta das cinco da tarde, passo por dentro de uma cidade e deparo com uma missa sendo celebrada do lado de fora de uma igreja. Esta parece ter sofrido um incêndio e, por isso, o padre colocou o altar e os assentos do lado de fora, às margens da rodovia. Desço do carro e tiro mais fotos. Sinto o cheiro de sabonete no ar. Creio que toda a cidade inteira acabou de tomar banho para ir à missa.

A última parada planejada antes de chegar à Maragogi acontece em Porto de Pedras, onde provo a fritada de aratu (uma torta-omelete recheada com uma espécie de caranguejo local) da Marizete. Em seguida, coloco o carro numa balsa, atravesso um rio, e minutos depois chego ao local de minha hospedagem: um hotel horroroso chamado Bitingui Praia. Infestado com 100% de iluminação fluorescente, o local é local perfeita para filmes de terror. Meu pai também reclama. Como o hotel já estava faturado junto a agência que cuida de minha viagem, sou obrigado a dormir em meio a sapos gigantescos e gatos pretos que circulam do lado de fora do meu quarto.

À noite vou conhecer Maragogi. Encontro uma cidade bem feinha e todos os seus moradores (também feinhos) dançando atrás de um trio elétrico. É dia de festa na cidade (De quê? Não consegui descobrir). Tomo um expresso e volto ao hotel. Ao abrir a porta do quarto, encontro o chão alagado. Malas e sapatos estão encharcados. Junto de meu pai, descubro que a descarga no banheiro estava com problema. Foi de lá que veio a enchente. O próximo passo é encontrar alguém que pudesse nos alocar para um novo quarto. A única pessoa que achamos é um vigia (pelo jeito não há recepcionista à noite neste hotel). Depois de transferir toda a bagagem para um outro quarto sob o olhar de um sapo gigante que insistia em me encarar, durmo.

Domingo amanhece sob a aguaceira de um temporal. “Só me faltava essa”, pensei. Inviabilizado de fotografar, arrumo as malas, sem saber se sigo viagem para João Pessoa ou simplesmente mudo de hotel. Após o café da manhã, faço o check out e vou conhecer outros hotéis da região, dentre os quais o Salinas Maragogi, um mega resort, e a Pousada Caiuia, pequena, charmosa e aconchegante.

Com o passar do dia, as nuvens começam a se deslocar no céu e o sol mostra a sua cara. Faço o check in na Pousada Caiuia e, por ter perdido metade do dia, coloco um turbo na viagem. No início da tarde vou ao Cia da Lagosta provar, claro, lagosta. Maragogi é conhecida por causa de seus arrecifes de corais. Por este motivo é abençoada com fartura de lagostas e polvos.
Cia das Lagostas
Em seguida, corro para apanhar o barco que sai para as galés (piscinas naturais localizadas a 6 km da costa). Com máscara de mergulho e tubo respirador, mergulho no mar e vejo várias espécies de peixes, uma imensidão de ouriços por entre as rochas (estranhamente, o ouriço não faz parte dos cardápios da região), uma concha com um bicho olhudo dentro, e até uma serpente do mar (ao vê-la, por ter pavor de cobras, disse a mim mesmo que bastava ficar fuçando avistar mais bichos e voltei para dentro do barco).
As galés de Maragogi
À noite, escrevi e tratei fotos na Pousada Caiuua.

Na manhã seguinte, o céu novamente se mostrou coberto de nuvens. Infelizmente, as fotos de Maragogi não serão as mais belas da viagem frente à falta de contraste.

Quero agora destacar mais um ponto alto da viagem: a Pousada Caiuia. Comandada pela simpática Mara, o local é agradabilíssimo. Além de ótima opção de hospedagem, a Caiuia é também um delicioso restaurante. Mara é fera na cozinha e suas receitas são divinas. Ela me contou que recentemente, ao receber o Rogério Fasano, este, empolgado com seu talento, a convidou para estagiar na cozinha do Fasano. Fui embora do Caiuia com a esperança de um dia retornar para curti-la com mais tempo.


Ana, a Pousada Caiuua, e suas receitas
Antes de seguir viagem para João Pessoa, meu próximo destino, conheci um dos símbolos de Maragogi, a fábrica de biscoitos Maragogi. Ali, vi biscoitos folhados doces e salgados saindo do forno. Também conheci outra entidade local: o chamado bolo de goma. Este nada mais é do que o biscoitinho que conhecemos como sequilho.
Maragogi
As Bolachas Maragogi e o bolo de goma

Um comentário:

Anônimo disse...

Então você recomenda a pousada Caiuia? E o que achou do Salinas?