20.2.08

Pragas que assolam a cidade

Em minuciosas observações da sociedade, constatei que algumas pragas parecem assolar nossa sociedade. Através deste post, venho alertá-los contra tais calamidades.


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Nos últimos dois meses, fui a pelo menos meia dúzia de festas de aniversário. Conforme dita meu manual de bons modos, comprei presentes a todos que comemoravam a data de seu nascimento. Em troca, estes me ofereceram salgadinhos, docinhos e copos de refrigerante. Dessa maneira, todos ficam satisfeitos e a sociedade segue em convivência harmoniosa. Certo? Errado.

Uma das grandes alegrias em ir a um evento boca-livre é a expectativa que antecede os comes e bebes. Em meu trajeto até a casa do aniversariante, gosto de imaginar o que será servido. Pão de queijo com pernil? Mini cachorros quentes? Empadinhas de camarão? Croquetes? Entretanto, de tempos para cá, este imenso prazer deixou de existir. Em todas as festas que compareço há sempre a mesma coisa: pasteizinhos da Pastelaria Marília de Dirceu. Nada contra os salgadinhos (que são até saborosos), mas sim contra a criatividade de quem aniversaria. É hora dos convidados dizerem um basta e exigirem algo diferente.


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Quem será que foi o primeiro energúmeno a pedir um copo com gelo e limão? Será que esta pessoa sabia dos efeitos nefastos que seu ato desencadearia? Ou será que o Zé Mané queria apenas aparecer para a namorada? Não adianta especular sobre os motivos que levou alguém a preferir sua bebida aguada e levemente ácida. O que importa é que este indivíduo (para ser educado e não chamá-lo de #%&@*&%#) acabou espalhando uma praga que contaminou os mais obscuros e remotos cantos da cidade.

Atualmente é impossível sentar diante uma mesa e, sem especificar, receber um copo vazio. Não sei se por terem cansado de ouvir “com gelo e limão”, ou por ordens de algum patrão que tenha amizade com donos de fábricas de gelo ou plantadores de limoeiros, todos os garçons servem a água, a tônica, ou o refrigerante sempre sobre pedras geladas e rodelas azedas. O pior é que, por sempre servir o copo com gelo, o pré-requisito de gelar a bebida vem lentamente sendo deixado de lado. Se depender de mim, continuarei a não especificar que meu copo seja sem gelo e limão. Assim, os garçons, ao trabalharem dobrado (colocando e depois tirando o gelo e o limão), quem sabe, desistam de continuar a alimentar tamanha baboseira.


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Você sabia que uma máquina de expresso deve ser ajustada regularmente? E, de preferência, que seja feita por um especialista de 15 em 15 dias? Sabia? Pois é... Acontece que tanto os estabelecimentos que servem o expresso quanto as empresas que são donas das máquinas não estão nem aí para nós. O tal ajuste só é feito uma ou outra vez no ano. É por isso que você (e eu) anda tomando esses expressos mal tirados com gosto de lavagem. Por isso, caríssimo leitor, peço a gentileza de chiar quando for servido um expresso de quinta categoria.

(Há um teste que pode ser feito para averiguar a qualidade da bebida. Ao colocar o açúcar, este deve permanecer estático sobre a crema – a espuma dourada do café - por um ou dois segundos sobre. Caso ele desça direto para o fundo da xícara, bata o pé e diga descortesias ao garçom).

Para obter uma xícara honesta desta maravilhosa bebida que nos leva a refletir sobre a beleza ou a melancolia da vida é preciso que a água, em temperatura entre 90 e 95 graus Celsius, passe por pó de café recentemente moído com a pressão de 9 atmosferas por cerca de 20 a 30 segundos. Se esta simples regra for seguida, sua xícara (que deve ter sido lavada com sabão neutro e feita de porcelana) terá de 25 a 30 ml de expresso. Este deverá ter um crema espesso, com coloração castanho-claro, e aparência aveludada.

Obs: Aos belo-horizontinos que queiram saber tomar um ótimo expresso, recomendo o Café Kahlua, o Santa Sophia, a Casa Bonomi, e a Enoteca Decanter.

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Estabelecimentos que se julgam sofisticados passaram a crer que é chique comer sanduíches de talheres. Nessas biroscas, seja qual for o pedido, de um simples misto quente a uma ciabatta com rosbife, o garçom pede licença ao cliente para, em seguida, postar sobre a mesa um jogo americano e, por cima deste, garfo e faca. E o pior é que a maioria dos fregueses, ao invés de franzir a testa ou pelo menos pronunciar um “ué”, acaba acatando a invencionice. Há pouco tempo, vi em um episódio de Seinfeld um senhor que só comia suas barras de chocolate (como Chokito ou Prestígio) com talheres. Só espero que essa maluquice não chegue por aqui.


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É impossível entregar um cartão e não ouvir um “crédito ou débito?”. Algumas lojas, pior, dizem apenas “Débito?”. Caso nada seja dito, por que os lojistas não pressupõem que o cliente queira pagar a conta com “crédito”. Afinal, sempre foi assim.


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Depois de uma fase em que as tatuagens eram ou escritos em japonês (geralmente, os clichês “felicidade”, “esperança”, ou similar), ou símbolos tribais (só não sei de quais tribos, se do Amazonas, da África, ou de Dakota do Sul), agora é a vez das estrelinhas. Talvez essa tendência (como odeio essa palavrinha metida a besta) se deve à Gisele Bundchen e sua tatuagem de estrelinha no pulso esquerdo. Talvez não. Bem, de qualquer maneira, parece que em tudo que é canto há estrelinhas desenhadas na pele. Algumas cheias, outras delineadas. Algumas pequenas, outras maiores. Algumas solitárias, outras em duo ou trio. Em relação aos locais onde são encontradas, estão em nucas, ombros, pés, pulsos, e até atrás de orelhas.

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